#Edição Extra 8 - Vem aí a Federação PP-União Brasil - E por que você precisa saber disso
A união de dois partidos da direita busca aglutinar as forças políticas mirando 2026.
Olá, amigos!
Enquanto temos ex-presidente inelegível, ex-presidente sendo preso, e todo mundo ainda preocupado com a longevidade do atual presidente, siglas de todos os espectros políticos batem cabeça sobre qual caminho tomar em 2026. E a nova bomba da semana é que realmente sairá a Federação PP-União Brasil, dois partidos gigantes na câmara que fazem parte do “centrão” (e possuem quatro ministérios no governo Lula). Vamos analisar aqui quais os impactos disso no curto prazo.
Boa leitura!
Antecedentes:
Para que não se lembra, o Progressistas, ou PP (Partido Progressista) na verdade é uma legenda de centro-direita que sempre integrou a ala mais fisiológica da política, tendo como principal nome da sigla por muitos anos Paulo Maluf, que se candidatou à presidência em 1989 e depois foi prefeito de São Paulo, disputando várias eleições para a capital e governo. Vale lembrar que o PP já foi também PPB (Partido Progressista Brasileiro) e PDS (Partido Democrático Social) , mas a raiz dessas agremiações é a mesma: o PDS era o antigo ARENA (Aliança Nacional Renovadora), partido de sustentação da ditadura militar que foi dissolvido e ramificado após a queda do regime.
Já o União Brasil é um partido bem mais recente: ele nasceu em 2021, fruto da fusão entre o nanico PSL (Partido Social Liberal) , que inflou com a eleição de Jair Bolsonaro em 2018, e do tradicional Democratas, outro partido de direita que teve como destaque a aliança histórica com o PSDB (tendo sido o partido do vice de FHC, Marco Maciel, por oito anos). O Democratas também mudou de nome ao longo dos anos: era o antigo PFL (Partido da Frente Liberal), que também nasceu de uma cisão do… ARENA.
O jornalista José Roberto de Toledo costuma afirmar que o atual “centrão” é na verdade apenas uma nova roupagem do ARENA, e a convergência do PP com o União Brasil parece corroborar com essa tese. A nova federação partidária, chamada “União Progressista” será a maior agremiação da Câmara e do Senado, com 109 deputados, 14 senadores e mais de mil prefeitos, ultrapassando em cadeiras PL e PT e disputando com o PSD o maior número de prefeituras do país.

Apesar disso, a nova federação ainda não possui um destino definido: o presidente do PP, o senador Ciro Nogueira, é aliado de primeira hora do ex-presidente Jair Bolsonaro, de quem foi ministro da Casa Civil, não irá presidir também a federação. A dúvida ficou entre os nomes do ex-presidente da Câmara Arthur Lira (PP), que apesar de manter uma relação cordial com o presidente Lula já cogitou ser vice de Jair Bolsonaro em 2026 (que vale lembrar, está inelegível). Do lado do União Brasil, o presidente da sigla, Antônio Rueda, levou a melhor e foi anunciado como o nome no comando da federação, porém faz parte de uma ala da sigla que é refratária à adesão ao governo (mesmo tendo indicado três ministros). A princípio, Rueda e Lira se alternarão no cargo de forma rotativa.

Ou seja, a nova federação já nasce ideologicamente dividida: o governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil), é pré-candidato ao planalto em 2026 mas parece não ter um apoio unânime do partido em torno de seu nome. O PP, por outro lado, tem adesão média de 75% de votos em conjunto com o Governo Federal - apesar de se dizer independente (e ter a pasta dos Esportes, com André Fufuca). Já o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União), surpreendeu ao mostrar-se aliado de primeira hora do presidente Lula, o que desagrada uma boa parte do União Brasil. A União com o PP ameaça fazer com que a federação desembarque do Governo Lula, mas enquanto isso o presidente move esforços para manter as legendas em seu arco de alianças - ainda que seja difícil imaginar o PP e o União Brasil no mesmo palanque que Lula em 2026.

O casamento entre PP e União Brasil mostra uma tentativa da direita de se reaglutinar após o vácuo de lideranças deixado pela inelegibilidade de Jair Bolsonaro e a indefinição se o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos) será ou não presidenciável em 2026. Com isso, a candidatura de Ronaldo Caiado perde ainda mais força: o PP não parece disposto a endossar seu nome como candidato.
Além disso, o agora ex-ministro das Comunicações Juscelino Filho (União Brasil) reassumiu seu mandato como deputado disposto a apaziguar os ânimos do partido com o Governo Federal, tentando convencer os colegas de partido a alinhar-se com o governo pelo menos nos temas da área econômica. No Senado, a presidência de Davi Alcolumbre também promete ser colaborativa com os planos de Lula.
Enquanto o PSDB ensaia há meses uma fusão com o Podemos, que foi prometida para ser anunciada nesta semana, o PP e o União Brasil largam na frente dando um grande passo para unir forças no campo da direita, o que já garante recursos financeiros e palanques melhor definidos para 2026, porém a falta de homogeneidade dos membros e a talvez a falta de escolha em apoiar uma eventual reeleição de Lula ainda traz dúvidas sobre qual será o desempenho eleitoral da nova federação nas próximas eleições.
Ficaremos no aguardo dos próximos capítulos.
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