#37 Os Principais Acontecimentos da Semana
Trump de volta, com força total; os sonhos de Bolsonaro; muito candidato pra pouca câmara
Esta edição é referente aos acontecimentos entre os dias 05 e 11 de novembro de 2024.
Não teve jeito, amigos: a notícia internacional da semana é a eleição de Donald Trump. Enquanto ainda não sabemos os impactos diretos e indiretos disso (e os caras continuam contando papelzinho) no Brasil temos um clima “tranquilo” pós eleições municipais e os prefeitos eleitos começando a fazer anúncios sobre suas composições de governo.
Boa leitura!
Internacional
Donald Trump é o próximo presidente dos Estados Unidos, de novo. E desta vez, com muito mais poder que antes: a votação de 05/11 confirmou que o republicano atingiu os 270 delegados mínimos para vencer, dominando também a Câmara e o Senado, desta vez. O presidente Joe Biden reconheceu a derrota de sua candidata, Kamala Harris, e disse que trabalhará por uma transição de governo “pacífica e ordenada”.
Trump anunciou Susie Wilies, sua estrategista de campanha, como a Chefe de Gabinete do novo governo, sendo a primeira mulher a ocupar o cargo. Enquanto isso, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, disse que está pronto para “restabelecer relações” com o país. Trump já havia sinalizado anteriormente que sua futura gestão pode reduzir ou cortar totalmente a ajuda militar à Ucrânia.
O Canadá já está se preparando para receber milhares de imigrantes irregulares nas semanas que antecederão a posse do presidente eleito Donald Trump. O Google apontou que as pesquisas sobre como imigrar para o Canadá cresceram dez vezes nos EUA.
Nacional
O PCdoB nacional confirmou a desfiliação de Manuela D’´Ávila, que foi vereadora, deputada e militante histórica do partido por 23 anos. D´’Ávila, que ganhou projeção nacional ao ser vice na chapa de Fernando Haddad (PT) em 2018, deixou a política após perder as eleições para a prefeitura de Porto Alegre em 2020, atuando como consultora em campanhas. Após a derrota de Alexandre Kalil (PSD) para Romeu Zema (Novo) em 2022, onde prestou consultoria, ela cobra na justiça R$1,5 milhão que supostamente não foi pago pelo partido de Gilberto Kassab. Já o PCdoB lamentou a desfiliação.
Sai ou não sai? A governadora de Pernambuco, Raquel Lyra (PSDB), está há meses flertando com uma migração para o PSD, após perder espaço e relevância na própria sigla. O problema? Ela é rompida com o presidente da Assembleia Legislativa, Álvaro Porto (PSDB), que pode direcionar o partido para uma aliança com o prefeito eleito de Recife, João Campos (PSB), franco favorito para concorrer contra ela nas eleições de 2026.
Ele fica: diferente dos rumores de que o senador Rogério Marinho (PL-RN) iria suceder Valdemar Costa Neto no comando o PL, o todo-poderoso da sigla garantiu que se manterá como presidente da legenda. A manobra seria uma forma de “facilitar” os processos decisórios do partido, já que Bolsonaro está juridicamente proibido de manter contato com Valdemar por decisão do STF.
Acredite se quiser: o nome do ex-presidente Michel Temer (MDB) foi ventilado como um possível vice para Bolsonaro em 2026 caso a inelegibilidade do ex-presidente seja revertida. Bolsonaro disse que o nome de Temer foi “ventilado pelo seu grupo político”. Já Temer disse ter ficado “honrado” com a lembrança, mas que se retirou da vida pública e não pretende voltar, vivendo seu melhor momento de “reconhecimento público”.
Bolsonaro aproveitou para dizer que, em um eventual novo mandato, nomearia o ex-ministro Aldo Rebelo (MDB) para o “Ministério da Amazônia”. Ex-ministro dos governos Lula e Dilma, Aldo Rebelo aproximou-se do bolsonarismo no último ano, depois de trocar o PDT pelo MDB. Bolsonaro ainda minimizou os rumores de que o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, já teria sido escolhido como presidenciável em seu lugar em 2026: “só depois que eu morrer”.
O ex-presidente da Petrobrás, Jean Paul Prates, demitido pelo presidente Lula em Maio, assumirá um cargo no grupo empresarial LIDE, do ex-governador João Doria. O curioso: Prates continua filiado ao PT, onde exerceu mandato como senador até 2023.
O ex-presidente José Sarney, quadro histórico do MDB, desautorizou lideranças de seu próprio partido ao defender que o partido esteja no arco de alianças do presidente Lula em 2026. A fala de Sarney ocorre em um momento onde membros da sigla, como o prefeito eleito de São Paulo, Ricardo Nunes, se opõem ao apoio do partido ao petista. A ministra do Planejamento, Simone Tebet, postou uma foto com o ministro dos Transportes, Renan Filho, dizendo que o partido está “unido pelo Brasil”.
Desunião: o União Brasil pode rifar o governador de Goiás, Ronaldo Caiado, da lista de candidatos a 2026 para lançar o ex-coach Pablo Marçal à presidência. De acordo com Marçal, houve um acordo com o presidente da sigla, Antonio Rueda, para que ele se filie ao partido até o primeiro semestre do ano que vem.
Estado de São Paulo
O último que sair apaga a luz: Tião Farias, um dos fundadores do PSDB e secretário do governador Mário Covas, pediu sua desfiliação do partido. O motivo foi o apoio ao prefeito eleito Ricardo Nunes (MDB) no segundo turno, supostamente sem discussão democrática dentro da sigla. O apoio de Nunes ao ex-presidente Jair Bolsonaro, o que, na visão de Farias, “contrasta com os valores históricos do PSDB”, pesaram para a decisão.
Ricardo Nunes voltou a afirmar que, apesar do MDB integrar o Governo Federal, não apoiará Lula em 2026, caso o presidente busque a reeleição. Ele ainda defendeu que, caso seja mantida a inelegibilidade de Jair Bolsonaro, o nome do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) é a melhor opção. As falas de Nunes exprimem uma intenção que, apesar de não ser dita oficialmente, já é vista como certa nos bastidores: o prefeito tem a intenção de disputar o governo do Estado em 2026, em dobradinha com Tarcísio.
O vice de Ricardo Nunes, Mello Araújo (PL) terá papel de destaque no governo: ele deverá ser o secretário de Assuntos Estratégicos, que ficará responsável por tratar de temas como a segurança na cracolândia, as investigações sobre a máfia dos transportes e a venda ilegal de barracas no Brás. Entretanto, o martelo ainda não está batido: o prefeito teme que o anúncio gere reação de grupos criminosos na cidade.
Surpresa: o nome que vem sendo apostado para suceder Milton Leite (União Brasil) na presidência da Câmara de vereadores de São Paulo é o de Ricardo Teixeira (União Brasil), ex-secretário da gestão de… Fernando Haddad. Vereador por 16 anos, Teixeira é visto como nome com bom trânsito entre governo e oposição, e seu nome ganhou força após Rubinho Nunes (União Brasil) romper com a campanha de Nunes para ser cabo eleitoral de Pablo Marçal (PRTB).
O secretário de Segurança Pública do Estado, Guilherme Derrite (PL), cancelou uma viagem que teria a Nova York após a repercussão negativa do assassinato de um empresário que delatou esquemas do PCC, em um atentado a céu aberto no Aeroporto de Guarulhos. Derrite iria participar de um fórum sobre… segurança pública.
Demorou, mas chegou: a Polícia Federal indiciou formalmente Pablo Marçal (PRTB) por ter divulgado um laudo médico falso contra Guilherme Boulos (PSOL) às vésperas do primeiro turno das eleições. Marçal disse que será declarado inocente.
Grande ABC
Santo André
Todos visando à presidência da Câmara: depois de Bahia do Lava-Rápido (PSDB) e Dra. Ana Veterinária (PSD), chegou a vez do vereador Pedrinho Botaro (PSDB) manifestar interesse em presidir a câmara de vereadores, concorrendo contra Carlos Ferreira (MDB) que tem o apoio do atual prefeito, Paulo Serra, e do eleito, Gilvan Júnior (ambos do PSDB). Botaro vislumbra que, caso a presidência da câmara não se viabilize, ele pode ocupar um cargo no primeiro escalão do governo.
Mais um: Almir Cicote (Avante), reeleito com 4622 votos, já negocia uma posição no primeiro escalão do prefeito Gilvan. De acordo com ele, se for para permanecer na câmara, será para ocupar a presidência da casa. Gilvan ainda não anunciou nenhum nome que irá compor seu secretariado.
Amigas e rivais: depois de romper com o grupo político de Paulo Serra e apoiar o vereador Eduardo Leite (PSB) na disputa para a prefeitura, o deputado federal Fernando Marangoni (União Brasil) recebeu o prefeito eleito, Gilvan (PSDB) em Brasília para uma série de reuniões ministeriais visando atrair parcerias e projetos para o município.
São Bernardo
Briga no PL municipal: como noticiado na edição anterior, a cassação do vereador Paulo Eduardo (PL), ex-vice na chapa de Alex Manente (Cidadania) à prefeitura, recebeu 19 votos favoráveis na câmara e 6 contrários. O inusitado é que o próprio diretório municipal do PL emitiu nota repudiando os votos contrários e mostrando-se contrária ao vereador, acusado de ter apontado uma arma para um jornalista durante a campanha. Paulo Eduardo afirmou que sua relação é com a executiva nacional do partido, e não com a municipal.
Novos voos: o vereador Julinho Fuzari (Cidadania), reeleito com 9372 votos, almeja candidatar-se à deputado federal ou estadual em 2026. A votação expressiva animou Fuzari, que nas eleições de 2018 disputou como deputado estadual e recebeu 30 mil votos.
Divisão na sucessão da câmara também em SBC: apesar da reeleição de Danilo Lima (Podemos), primo do prefeito eleito Marcelo Lima estar quase selada, outros vereadores eleitos na base do podemista estão almejando o cargo. São eles: Aurélio (Podemos), Joilson Santos (PRTB), Fran Silva (Avante) e Ivan Silva (PRTB). Os vereadores garantiram que não há racha e que o grupo político do prefeito está unido para apontar um nome de consenso.
São Caetano
O prefeito eleito, Tite Campanella (PL), está cuidando pessoalmente do processo de transição de governo. De acordo com Tite, muitos nomes da atual gestão, do prefeito Auricchio (PSD), permanecerão no secretariado, enquanto “alguns novos” deverão se somar. Tite planeja fazer da educação a vitrine de sua futura gestão, destacando ações para isto.
Diadema
Novo prefeito, nem tão novo núcleo político: a equipe de transição de Taka Yamauchi (MDB) contará com conhecidos nomes da região: o ex-secretário de Educação da gestão Lauro Michels, Marcos Michels, estará na equipe, assim como o ex-prefeito de Ribeirão Pires e de Rio Grande da Serra, Kiko Teixeira (MDB), que muito provavelmente ocupará um cargo no primeiro escalão.
Mauá
Mais uma derrota: o TRE-SP concluiu o julgamento do recurso de Átila Jacomussi (União Brasil), que buscava deferir sua candidatura à prefeito. Derrotado no segundo turno por Marcelo Oliveira (PT), Átila teve o recurso negado por unanimidade. Em suas redes sociais, Átila continua afirmando que Marcelo venceu “no tapetão”.
A coligação que apoiou Átila, inclusive, entrou com processo contra o vereador eleito Denis Caporal (Podemos) por suposta compra de votos. Caporal faz parte da chapa de aliança do prefeito reeleito, Marcelo Oliveira, e se disse surpreso com a acusação.
A disputa pela presidência da Câmara de vereadores já começou: atualmente presidida por Júnior Getúlio (PT), a sucessão da casa já tem como postulantes o ex-presidente da SAMA, Rangel Souza (PT) vereador mais votado da sigla na cidade, e o tucano Leonardo Alves (PSDB).
O que será que rolou aqui? De acordo com o jornal Diário do Grande ABC, Átila Jacomussi e o governador Tarcísio de Freitas agora são desafetos declarados. Lembrando que Átila tentou colar sua imagem na do governador durante a campanha, e teve o Republicanos em seu arco de alianças.
A primeira-dama, Fernanda Oliveira, após uma atuação discreta durante o primeiro mandato de Marcelo Oliveira, ganhou certo protagonismo na campanha de reeleição do marido e agora especula-se que ela pode ser candidata à deputada já em 2026.
Rio Grande da Serra
O prefeito eleito Akira Auriani (PSB), anunciou o nome de cinco secretários que irão compor sua gestão, que terá o número de secretarias reduzido de 17 para 15, excluindo as secretarias de Relações Institucionais e a Secretaria Executiva.
A coordenadora do hospital de campanha da Covid-19 em Ribeirão Pires, Fabiana Bedia, será a secretária de Saúde. O vereador Roberto Bernardo (Avante), o secretário de Finanças; Fábio Nunes, que já foi secretário Jurídico da cidade por 12 anos, retornará ao posto, enquanto Vinicius Brum será o secretário de Educação e Billy Bartholomeu será o coordenador de Cultura - que ficará subordinada à secretaria de Educação. A chefe de gabinete será Paula Oliveira, assessora de Akira quando este foi vereador.
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